TRILHA XXIV - O SOL

*CONFUSÃO*

Fico tentando entender o mistério,

vislumbro o sol... Quem será que acendeu?

Confuso, eu tento aceitar o critério,

parece lenda que alguém escreveu.

Chego a pensar, por total despautério,

que a lua tem um motor de apogeu.

Ouço as estórias, pesquiso... É ditério?...

Frutos sem nexo de um sonho sandeu?

Busco as respostas, fitando, silente

e me pergunto, se inventos da mente

me fazem crer que o que vejo é normal.

E, aqui, perplexo com tanto segredo,

pego-me, às vezes, pensando e com medo...

Tenho a impressão de que nada é real!

Edy Soares

*O ASTRO-REI*

Desde a expansão de enorme nebulosa

Como retrata a tese científica,

Por um colapso em dimensão mirífica,

Nasce de um disco a Luz Esplendorosa!

Nessa ascenção gigante e majestosa

Pela atração centrípeta, específica,

Num turbilhão de estética magnífica,

Cintilia a chama cósmica e gasosa!

Predominante de Hélio e de Hidrogênio

Arde a Vermelha, estrela do milênio,

Obediente: Onipotente Lei.

Segue reinando Febo, Estrela-Guia,

Pai da atração e a luz do nosso dia,

O ilustre Sol, magnânimo Astro-Rei!

Ricardo Camacho

*VIDA E CALOR*

E dentre imensa nuvem de poeira,

De gás, em movimento, rotativa,

Nasceu o Sol, estrela primitiva.

Em explosão se fez a Luz primeira!

Também se diz história verdadeira,

A que contou, Moisés em narrativa.

Segundo disse, Deus, Palavra viva,

Criou o Sol, em ordem tão certeira!

Mas não se faz motivo de debate.

Existe o Sol. Apenas isso importa!

Pois é vital, na Terra, seu calor!

Ardendo sempre, em brilho de escarlate,

Transforma em vida a natureza morta,

Nosso astro Rei, em todo seu fulgor!

Geisa Alves

*O SOL EXISTE*

Eu acredito, eu sei que o Sol existe,

Mesmo com tantas pedras no caminho,

Mesmo com tanta dor e tanto espinho,

Creio que a luz do Sol sempre resiste.

Mesmo  com todo o nosso desalinho,

Eu acredito, eu sei que o Sol insiste,

Creio que o Sol do Amor sempre persiste,

Mesmo com todo o nosso descaminho.

Mesmo que a gente esteja preso à rocha,

Mesmo na escuridão do nosso quarto,

Quando não vejo o sol, acendo a tocha.

Mesmo no meio dessa tempestade,

Mesmo com tanto surto e tanto infarto,

Creio que o Sol existe de verdade!

_Luciano Dídimo_

*O SOL E O GALO*

O galo cantou na manhã encoberta,

e assim, despertei no minuto esquisito.

Horário em que o sol aparece e desperta.

Abri a janela no escuro infinito...

O dia passou e a existência no alerta:

Semana sombria, o vindouro maldito,

a terra sem luz, a alegria deserta,

as flores na cruz, o universo no grito!

O galo clemente cantou novamente,

e logo acordei na clareza da mente...

Apenas feroz pesadelo, certeza.

Sorriso se abriu arriando a tristeza,

o sol encantou a manhã destemida,

o amor aqueceu os caminhos da vida!

Janete Sales Dany

*O SOL E A LUA*

A Lua, faceira, virou Rapunzel,

As tranças de luz, ao soltar, rodopia.

O sol, encantado, maneja o pincel

E aviva com cor a pintura do dia.

Namora em segredo tal dupla fiel —

Parceiros no tempo — Por fim casaria...

Os dois inventaram a lua de mel,

Tecendo clareza com noite sombria.

Unidos, costuram o tempo — um ofício

Que cumprem valsando com mãos do divino.

Cerzir tempestade? Incumbência que os dois

Alternam felizes, em grande exercício.

Pois são “casadinhos”, conforme o destino,

Qual doce da festa... Garanto, ora pois!

Elvira Drummond

*"ÉS O SOL"*

És para mim, ao clarear meu dia,

A mesma luz que iluminando tudo,

Faz reviver qualquer paixão vadia

Que me abastece e que me faz polpudo.

O teu calor comparo a ser magia

Que ao me aquecer, refaz-se em meu escudo

E clama sempre a paz que eu mais queria

Em ser somente um corpo aqui, desnudo,

Pra receber, assim, calor e luz,

Tal qual o Sol ao mundo vem doar

Com seu fulgor em ser clarão que induz,

A ter prazer em ver o céu e o mar,

Em ter a brisa, que também seduz,

Ao dar-me o clima em que eu irei te amar...

Plácido Amaral

*AO NASCER DO SOL*

O sol abrindo os seus vitais bordados,

Resplandecendo vida nos vitrais,

Beijando leve, orquídeas nos quintais...

No muro, alguns gerânios salpicados.

Nos raios, luz e vida, fecundados,

Germinam sonhos belos e viçais

Gestando no existir, os seus sinais

Na flora e fauna, o dom, revigorados,

No fio, um bem-te-vi, agradecido,

Expressa em belo canto, comovido...

- Visão perfeita assim, não há, jamais!

Uma explosão de vida estimulando

O céu, a terra e o mar... E o sol raiando

Desperta o dia, ao som dos madrigais!

Aila Brito

*AO OCASO*

Chegando ao fim de um dia taciturno

A chama, no poente, me fascina.

Procuro matizar meu diuturno

Roteiro de mecânica rotina.

O sol vai encerrando assim seu turno,

E em raios derradeiros, me ilumina.

Em breve, Marte, Vênus e Saturno

Enfeitarão a manta celestina.

Prossigo perscrutando a negridão

Como estivesse em nave espacial

Ou assistindo à tela de cinema.

Refém da nossa humana condição,

Reflito sobre o espaço sideral,

A admirar o sol e seu sistema.

(Gilliard Santos)

*FORÇAS SINGULARES *

Amanheceu o dia, bem cedinho,

O rosicler ao longe traz primores.

Vislumbro no horizonte lindas flores

No bojo da ribalta fez o ninho;

E desce seu calor trazendo olores

Aquece certamente cada pinho;

Ao mesmo tempo canta o passarinho,

Num ciclo que, contínuo, tem fulgores.

O sol, estrela guia do sistema,

Queimando no universo, força extrema,

Emana seu poder nos dando luz.

A tocha maioral compôs a vela...

É Deus, O Criador, mas não revela,

As forças singulares que produz.

Douglas Alfonso

*CONVECÇÃO*

O Sol, que nos parece alaranjado,

É branco e tem, no núcleo, derretidos:

Silício, ferro e níquel, diluídos,

Num forno nuclear extrapolado.

A luz, com seu espectro transformado

Por gases de hidrogênio, consumidos,

Que geram hélio, os dois mais difundidos,

Em nossa estrela vida tem gerado.

Depois do núcleo vem a fotosfera,

Seguida pela opaca cromosfera,

E, finalmente, chega-se à coroa,

A qual nos lança seus raios solares.

Equilibrando a Terra, lua, e mares,

A todos fornecendo essência boa.

José Rodrigues Filho

*PERIPÉCIAS MATINAIS*

Esparge, no infinito, encantamento

o riso dardejante que devora

as langues expressões de uma senhora

vestida em melancólico indumento.

A madrugada, quando se descora,

contempla, agonizante, o surgimento

do facho transformado em monumento

na tela concebida pela aurora.

Desperta a serrania e, numa festa,

os pássaros propagam na floresta

o som de cantorias magistrais.

O Sol galanteador, aos beijos, deita

no colo da natura, a diva eleita

em suas peripécias matinais.

Jerson Brito