Ser e não querer
Sendo o viver um mero desprazer
Em manter esta vida controversa
No dilema de ser e não querer
É que esta pobre alma vive imersa
Mas apesar de inevitáveis dores
Sigo impassível sem nenhum tormento
E na aridez vou cultivando flores
Numa busca patética de alento
Pois se a alegria vem não transpareço
Na luz efêmera eu só disfarço
O meu refúgio é inocente engano
Que nas palavras eu encontre espaço
Pra revelar-me sem que haja dano
Quando estampar o fel do meu avesso