Dupla fenda

Ao mesmo tempo que te anelo o olhar,

de graça divinal e de ternura,

eu temo o naufragar da arquitetura

do amor que construí – tão grande é o mar!

Almejo contemplar teu ser e amar

teus íntimos segredos com bravura;

sinto, porém, troar tua estrutura

sobre meu coração, que é teu altar.

Amo-te. E, proferindo tal sentença,

dois turbilhões simulam-te a presença;

um como bálsamo, outro como dor;

e estouram no meu peito de uma vez,

num golpe só, na mesma solidez:

dois modos de sentir o mesmo amor.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 12/12/2020
Reeditado em 19/04/2021
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