LUZ
Eu vivo meu inferno em plena vida.
Assusta-me o porvir tão embaçado
a ornar meu amanhã no breu, nublado.
O medo não avista cor luzida.
Por sobre minha história embrutecida
se espalha um laivo opaco, acinzentado.
Nos rotos, nos sinistros do passado,
aos poucos, folha a folha, ela é perdida.
Por que prossigo, o Espírito resiste,
se me domina o tredo pessimismo,
às surras de um viver que balda e cansa?
É que uma chama viva, em mim, persiste,
teimosa, em meio ao céu de um cataclismo;
a chama que se chama... Ah! Esperança!