Soneto ao Inverno

Vossa grã gelidez me é comprazente!

Da soberba vossa, suma é a felícia,

O poético frio quão belo e dolente

À mor virtude mutar-se-á em carícia.

Ao verão, irrompem-se falácias frívolas,

Desvalendo a lírica vida hiemal,

Mas, as priscas verdades, proferi-vo-las,

Enquanto desdenho o calor animal.

Que perpétua fosse vossa abrangência

Para perene ser a alegria minha

Em receber-vos gelo enrijecente.

A glacial poesia palra com veemência:

Sem opção, adviremos a vossa linha

E vos esperaremos novamente!