Ainda assim. – Soneto.
Ao fim das tardes de verão, mesmo ofuscados.
Meus olhos conseguem distinguir as cores das tintas.
Com as quais o céu é pintado dando a grandeza.
De quadros mágicos e encaixilhados num céu purificado.
Todas as tardes quentes, corro para ver o fim do dia.
Cair lento e silente na fimbria sanguinolenta da noite
Que aborda soraste irá e mansa resilindo os duendes
Em quadros pintados com pinceis furtuitos que fogem.
Contemplo a magia do pequeno barco a percorrer
As aguas esverdeadas deste mar ameno e plácido
E embarcadiços a jogar as redes em caça de alimentos.
Embora ainda assim ofuscados meus olhos reluzem
Com o desejo também de ajudar a pintar o cenário
Que guardado vivem e revivem nesta tarde ardente.