TRILHA XXI - AUTOSONETOBIOGRAFIA
*AUTOSONETOBIOGRAFIA*
Hoje habito nas tribos da cidade
Mas nasci no sertão de Madalena.
Muitas vezes me bate uma saudade,
Bem conforme o meu franco peito acena.
Luto contra qualquer desigualdade
Numa ação radical, porém serena.
Acredito que um dia este mundo há de
Progredir de maneira vasta e plena.
Eu, que já trabalhei na agricultura,
Sou agora operário da cultura,
Aprendiz de poeta e professor.
Aprendi a ser forte ainda menino!
Percorrendo as veredas do destino:
- Sou, acima de tudo, um sonhador...
Gilliard Santos
*ETERNA BUSCA*
De tanto correr pela vida, sem rumo,
deixei escorrer entre os dedos, a sorte,
em meus desacertos busquei o meu prumo,
dos meus cambaleios eu fiz meu aporte.
Se fui marginal ao projeto, eu assumo,
não ser presa fácil nem ferro que entorte,
forjei minha espada e, na espada, presumo
que ganha-se a vida ou entrega-se à morte.
Não hei de viver, nenhum dia sequer,
seguro em cabrestos que a vida me impõe
nem preso a cambões que destinam meus passos.
Sou filho do mundo e no mundo o que der,
será de bom grado e assim pressupõe
que livre hei de ser para acerto e fracassos.
Edy Soares
*ÀS MARGENS DO MADEIRA*
Na curva mais formosa da corrente
que desce das andinas cordilheiras
descortinei o encanto das primeiras
cintilações de um mundo diferente.
Um solo de elegantes seringueiras,
Rondônia, o Guaporé de antigamente,
serviu de palco àquele adolescente
autor de algumas quadras lisonjeiras.
Nos bancos de uma escola, predileta
na Capital do Estado, a verve inquieta
expôs com rima e verso seus sinais.
Rompi fronteiras dentro da cultura
e mergulhei nas letras, na mistura:
cordel, soneto, trova e muito mais.
Jerson Brito
*QUEM SOU?...*
Pequena, olhava o mundo com o ouvido —
A bússola sonora a nortear...
Adivinhava o fato acontecido,
Fazendo meu ouvido de radar.
Com fios de canções era tecido
O manto que usaria a me abrigar.
Pois entre tom bemol e sustenido,
Na vida, logo achei o meu lugar.
Dos contos e cantigas, antevia
O encanto por soneto e por sonata...
Costura entrelaçada de mistério!
Do pai, com letra e nota, a parceria...
Da mãe, a fé em Deus, que acolhe e acata,
Das artes fiz ofício e magistério.
Elvira Drummond
*SONETO AUTOBIOGRÁFICO*
Eu sou simplicidade e cortesia,
essência de artesã e só sorriso.
A fé no amor de Deus, a Luz me guia...
Assim, afirmo a paz no chão que piso.
Adoro o amanhecer e amar o dia,
acordo poesia, o dom preciso...
Já fui arteira, fiz o que queria,
em Campos do Jordão, o paraíso!
E agora mais madura a mente sente...
O ser, melhor que ter, isso é verdade.
E vou expor o impulso que me invade:
Retrato a confiança transcendente,
na cena, Santa Sara comparece,
revela o quanto vale a minha prece!
Janete Sales Dany
*VERSOS PESSOAIS*
No mês de dezembro nasci, Goitacazes,
A terra da cana de açúcar, melado
E toda a riqueza de um solo sagrado,
Cenário bucólico, tempos fugazes...
Um ano depois, suburbano adorado,
No Rio cheguei, normalíssimas fases
Que abraçam meu ser de criança com frases
De efeito e de afeto, marcando um passado...
E assim, fui crescendo no bom Realengo,
Num Meio de Simples, amando o Flamengo,
Joguei futebol na rotina quieta,
Mas lendo e relendo Imortais, in natura,
Descubro a paixão pela escrita mais pura
E, só, na ascenção compreendi-me poeta!
Ricardo Camacho
*SIMPLES ASSIM*
Simplicidade, o nome que eu carrego,
No meu viver, a ética provida;
Virtude a qual, intrínseca, esculpida,
Reflete o amor e a paz a quem agrego.
Sou forte, às vezes fraca, pois não nego;
Mas busco equilibrar a minha vida,
Valorizando 'o pouco', e agradecida,
a Deus, em orações, sempre me entrego.
Sou filha do Nordeste - hospitaleiro;
Terra da cajuína cristalina,
Delta do Parnaíba - cultural.
Na poesia, o amor - bem - mensageiro,
Denota, fielmente, esta menina,
Piauiense, filha de Cocal.
Aila Brito
*MIGRAÇÃO*
Recordando o lugar onde nasci,
E as lembranças de minhas travessuras...
Os meus dias, no campo, eram venturas;
Diferente do burgo onde cresci.
Pernambuco, o torrão onde teci
Minha infância, feliz, sem desventuras,
Procurando acertar as estruturas
Pra mudar de endereço aquiesci.
Ceará, das famosas migrações,
Recebeu o menino forasteiro
Que pensando em galgar mais posições
Permutou, por Bahia, o Juazeiro.
Finalmente, encontrei minhas funções,
Bem-servindo ao Nordeste brasileiro.
José Rodrigues Filho
*DEUS, A DOENÇA E O POETA*
Ao me mostrar doença torturante
Deus revelou-me para a poesia
E ao escrever tão certo e arrepiante,
O fisioterapeuta ele extinguia...
Assim virei poeta itinerante
Do popular ao clássico, onde havia...
E fiz da minha lida de estreante,
Estudioso em arte de magia.
Agora me apresento menestrel
Que tem de atividade predileta
Fazer da poesia o meu painel.
E a tinta que ora eu uso, uma arquiteta
Que escreve este soneto em meu papel,
Foi "quem" me convenceu a ser poeta...
Plácido Amaral
DESABAFO
Sozinho no mundo vaguei por estâncias,
Sem pai e sem mãe e também sem estudo...
Sofrendo na vida restou um escudo,
Caprichos Divinos com belas fragrâncias.
O nosso bom Deus que me pôs conteúdo,
Pois deu-me uma mente perfeita sem ânsias...
Assim ela enxerga longínquas distâncias
E vai processando, vos digo, de tudo...
Sou Douglas Alfonso, poeta imperfeito,
Que busca caminhos repletos de paz...
Que molda detalhes sem ter preconceito,
Porém, há sequelas que meu peito traz,
Mas luto com forças, e saio do leito,
Das dores profundas, meu Deus, isso jaz.
Douglas Alfonso
*EU*
Resende, outrora, terra de café,
Agora é bela vila prazenteira.
Aqui nasci, vivi a vida inteira,
Regida por virtudes e por fé.
Meu mês de nascimento é belo até.
Dezembro, tanta festa e brincadeira.
A vida é simples, mas com eira e beira,
Vou superando as ondas e a maré.
Criei família, um filho, meu tesouro.
Profissional, também mulher do lar,
Fiz, dos poemas, meu ancoradouro!
E no soneto achei o meu lugar,
Tão aprazível, tão caro como ouro,
Desejo, então, lhe ser familiar!
Geisa Alves
*QUEM EU SOU*
Nascido na querida Fortaleza,
Poeta e, com orgulho, sonetista.
O grande dom da escrita, uma riqueza.
Quem sabe um dia então eu seja artista?
Procuro fazer tudo com presteza,
Guerreio com minha alma comodista.
O amor de Deus por nós, uma certeza.
Amar o semelhante, uma conquista.
De minha esposa eu sou envaidecido
E encorujado pai de cinco filhos,
Que são os meus tesouros, os meus brilhos.
Eu sou imensamente agradecido,
Por bênçãos que o Bom Deus me reservou,
Por tudo o que recebo, sinto e sou!
Luciano Dídimo