CHAMA VIVA

Eu vivo meu inferno em plena vida...

Assusta-me o porvir tão embaçado...

O medo não avista cor luzida

a ornar meu amanhã turvo, nublado...

Por sobre minha história embrutecida

se espalha um laivo opaco, acinzentado

e assim, de folha a folha, ela é perdida

nos rotos, nos sinistros do passado.

Mas se me doma o tredo pessimismo,

por que prossigo em fero cataclismo,

às surras de um viver que balda e cansa?

É que uma chama viva em mim persiste...

Teimosa, em meio aos pálidos, resiste...

A chama que se chama... Ah! Esperança!