CEGO PERDIDO EM TIROTEIO...

Sobre os teus passos arrastei os meus desejos,

Como quem anda no escuro e sem penar...

Fiz com todos os teus gestos meu fiel espelho,

Mas sem o simples direito ao meu olhar.

Fiz o tão falado papel de cego perdido em tiroteio,

Na surdez, não admiti ninguém mal de ti falar...

A ti defendi como enfurecido e temido cangaceiro,

Não permiti quem quer que fosse teu nome macular.

Hoje, tarde, vejo o quão teu amor foi sorrateiro...

Golpes precisos, sádicos e tão rasteiros,

Eram os teus beijos a forma de me derrubar.

Hoje, tarde, enxergo todos os malditos defeitos...

E por ter o escuro véu da mentira se desfeito,

Quero, por alento, nunca mais te enxergar.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 27/11/2020
Código do texto: T7121519
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