CEGO PERDIDO EM TIROTEIO...
Sobre os teus passos arrastei os meus desejos,
Como quem anda no escuro e sem penar...
Fiz com todos os teus gestos meu fiel espelho,
Mas sem o simples direito ao meu olhar.
Fiz o tão falado papel de cego perdido em tiroteio,
Na surdez, não admiti ninguém mal de ti falar...
A ti defendi como enfurecido e temido cangaceiro,
Não permiti quem quer que fosse teu nome macular.
Hoje, tarde, vejo o quão teu amor foi sorrateiro...
Golpes precisos, sádicos e tão rasteiros,
Eram os teus beijos a forma de me derrubar.
Hoje, tarde, enxergo todos os malditos defeitos...
E por ter o escuro véu da mentira se desfeito,
Quero, por alento, nunca mais te enxergar.