EPIFANIA

E eis que... cai o pano!

Mas esse tempo de encantos,

Que nunca julguei ter fim,

Não é hoje para mim

Mais que morta e seca flor!...

Do gênio mau completou-se

A primeira profecia:

Era o que o Gênio dizia

No seu riso mofador.

[Laurindo Rabelo]

Bordei-te em raros panos e tecidos

Da mais bela e sagrada fantasia,

Coberta pelos véus mais coloridos,

Sofisma de meus sonhos e magia.

Por anos e anos, todos tão perdidos

Saudando-te em mesuras todo dia,

Projeto tão perfeito, tão nutrido...

Mas nada além de falsa alegoria!

E veio o vento, veio fero, veio forte,

Varrendo essa obsessão que te vestia,

Desfez assim o teu garbo, o teu porte,

E me trouxe de longa anestesia:

Pois que te dei a ridícula e ímpia morte,

Despindo-me da tola epifania!

Alessa B
Enviado por Alessa B em 25/11/2020
Código do texto: T7120368
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