Peste

Peste I

Testa-se positivo; asco judia.

Pia-se em dor; afunda toda fresta.

Protesta; o mundo todo se arrepia.

Distopia; uma coisa desembesta.

Resta toda oração: Ave Maria!

Via em única mão se manifesta.

Indigesta moléstia; covardia.

Seria do demônio? O medo gesta.

Aresta é mortífera; afagia.

Guia que dilacera; não modesta.

Floresta se deitando noite e dia.

Terapia do gosto, cheiro empresta.

Festa? Nem frequentar a padaria.

Avaria; é choro; uma seresta.

#ordonismo

Peste II

Senhora peste esteve por aqui.

Vi alguns raios e estrelas fora de hora.

Embora em minha cama residi.

Contorci na dor, que hoje ainda em mim mora.

Fora do ar, gosto e cheiro; me perdi.

Sofri tal horror; caimbra costa afora.

Descora a alma, por pouco não a senti.

Pressenti o pior; pois tudo apavora.

Ora, na real, não quis me iludi.

Pedi ao céu: please, não me ignora.

Agora quero forças: recorri.

Vesti-me de oração: não me penhora!

Revigora! Benzi-me, em tudo cri.

Revivi, mas vez ou outra inda piora.

#ordonismo

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 20/11/2020
Código do texto: T7116693
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