Peste
Peste I
Testa-se positivo; asco judia.
Pia-se em dor; afunda toda fresta.
Protesta; o mundo todo se arrepia.
Distopia; uma coisa desembesta.
Resta toda oração: Ave Maria!
Via em única mão se manifesta.
Indigesta moléstia; covardia.
Seria do demônio? O medo gesta.
Aresta é mortífera; afagia.
Guia que dilacera; não modesta.
Floresta se deitando noite e dia.
Terapia do gosto, cheiro empresta.
Festa? Nem frequentar a padaria.
Avaria; é choro; uma seresta.
#ordonismo
Peste II
Senhora peste esteve por aqui.
Vi alguns raios e estrelas fora de hora.
Embora em minha cama residi.
Contorci na dor, que hoje ainda em mim mora.
Fora do ar, gosto e cheiro; me perdi.
Sofri tal horror; caimbra costa afora.
Descora a alma, por pouco não a senti.
Pressenti o pior; pois tudo apavora.
Ora, na real, não quis me iludi.
Pedi ao céu: please, não me ignora.
Agora quero forças: recorri.
Vesti-me de oração: não me penhora!
Revigora! Benzi-me, em tudo cri.
Revivi, mas vez ou outra inda piora.
#ordonismo