SONETO NÃO TEM MISTÉRIO
São dois pares de rimas por quarteto,
E que sejam ricas de preferência.
Depois mexa com muita paciência,
Com mais um par de rimas por terceto.
Ponha o açúcar e o sal (cloreto),
Que poesia também é ciência.
Tem que haver apuro e competência,
Se não a coisa vira um poemeto.
Quando sair fumaça pelo ouvido,
Com um cheiro de chumbo derretido,
Terá ocorrido um erro sério,
Saiu um soneto de pé quebrado.
Mas logo resolvi todo mistério,
Vi, que dois versos haviam faltado.
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Concordo com o que diz o mestre fcunha em sua interação. Escrever sonetos é viciante.
MISTÉRIO DO SONETO
Diz o poeta que não tem mistério,
Porém eu acredito ser difícil,
Continuo a fazer, eis o meu vício,
Fazer bem feito, um grande vitupério.
Pelo mundo do verso é seu império,
Um dom herdado e talvez vitalício,
Realizando o tal com sacrifício,
Ao procurar usar todo critério.
Ao terminar diante deste esforço,
Toda inspiração torço e retorço,
Pra sair do soneto um desenho.
Confirmo ao meu amigo a resposta,
Soneto não é só o que se gosta,
Mas mesmo assim ainda me empenho.
Agradecendo ao amigo poeta Jota. Fernando cunha lima ? 21-11-2020.
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Encontrei no livro MISCELÂNEA, de outro mestre, Herculano de Alencar, estes versos que tomei a liberdade de mostrar aqui.
SONETANDO, APENAS ...
Se em fazer soneto há um segredo,
eu te confesso, amigo, desconheço.
A poesia nunca tem começo:
hoje mais tarde, amanhã mais cedo...
Fazer soneto, faço por brinquedo:
Sigo as batidas do meu coração,
escrevo o verso como uma canção
e ponho minha alma no enredo.
Não me ocupo em tomar medida;
não conto uma sílaba sequer;
deixo fluir do jeito que vier
e dará luz à sua própria vida.
O arremate das imperfeições
eu ponho no costado de Camões.
Herculano Alencar