Derradeiro
Cedo toda a minha mágoa ao canto enfim
Neste manso soneto apenas dores cerzido
E que no último ponto rematou em mim
A veredito brusco de um grande amor vivido
Em meu peito fincou a tua espada finda
Cortando o amor majestoso e incontido
Amor que eu movia árduo e profundo ainda
Que lado a lado fez-se ao tempo construído
Qual fronteira mostrará aonde eu ir
Se nos coriscos de sol ainda a vejo vir
E às noites eu recordo o tempo ido?
Tão calado eu vou e à solitude me empresto
Com o consentimento de abafar-me em restos
Posta a vida inábil que não me brinda sentido.