Derradeiro

Cedo toda a minha mágoa ao canto enfim

Neste manso soneto apenas dores cerzido

E que no último ponto rematou em mim

A veredito brusco de um grande amor vivido

Em meu peito fincou a tua espada finda

Cortando o amor majestoso e incontido

Amor que eu movia árduo e profundo ainda

Que lado a lado fez-se ao tempo construído

Qual fronteira mostrará aonde eu ir

Se nos coriscos de sol ainda a vejo vir

E às noites eu recordo o tempo ido?

Tão calado eu vou e à solitude me empresto

Com o consentimento de abafar-me em restos

Posta a vida inábil que não me brinda sentido.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 17/11/2020
Código do texto: T7113665
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