O lodo e o ventre

O lodo e o ventre

A borboleta que na primavera

as rosas beija com boca vermelha

sorrateiramente como pantera

que com olhar seduz a doce ovelha

As rosas se rendem então à fera

Sentem no peito a primeira centelha

do incêndio que se faz e se assevera

Com um sorriso de orelha a orelha

Uma mistura de medo e prazer

arde um arrepio pelo corpo todo

Como a primavera não é pra sempre

a borboleta sem noção de ser

vê a flor decompondo-se no lodo

e a lagarta nutrindo-se em seu ventre

@celsohenriquefermino

Celso Henrique Fermino
Enviado por Celso Henrique Fermino em 16/11/2020
Reeditado em 16/11/2020
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