MIGRANTE
Vem pra Metrópole, grande cidade,
arranha céus, portões, cadeados,
os crimes por todos lados
acha só o pavor como caridade.
Com fé o sertanejo a invade,
calçada como teto, sonhos roubados
fome e dureza por todos lados
não tem mais sertão nem felicidade.
Sua nova morada agora é a rua,
não consegue ir pra frente nem recua
"Uma esmola, por favor": seu trabalho.
No sertão se acostumou com a fome
de fartura, aqui, nem ouve o nome
e segue sustentado com o migalho.
Josérobertopalácio