Chagas entreabertas
Declaro em minhas poesias sempre hertas.
Que trago na alma duas fendas infinitas.
Por onde verto-me em lágrimas malditas.
E sangro como chagas vivas entreabertas.
Em vão eu tento então mantê-las encobertas
Mas a sangria nutre os meus já tão famintos
Morcegos internos que só seguem seus instintos
De alimentarem-se das tais feridas descobertas.
E quanto mais esses morcegos se divertem
Com o fresco sangue que dessas chagas vertem
Mais eles rondam minha alma sempre alertas.
E eu, que me vejo já sem forças para afastá-los,
Não venho aqui das tristes chagas acusá-los.
Pois quando sangram mente e alma jás libertas.
Adriribeiro/@adri.poesias