VERSOS PERTURBADOS

Passa em tropel febril a cavalgada

Das paixões e loucuras triunfantes!

Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!

[Florbela Espanca]

Qual vela acesa num altar sagrado

Eu queimo na penumbra do teu sonho,

Sou o teu desejo casto e malogrado,

Teu medo taciturno e mais medonho.

Comigo teu eu demente e perturbado,

Perpassa cada verso que componho…

Sou teu chamado ébrio e desastrado,

Teu sono mais febril e mais bisonho!

És o meu canto louco em pensamento,

Soluço delirante em cada ouvido,

O grito emaranhado no tormento,

Quimera horrenda e sem sentido.

Das ânsias cruas sou teu sacramento,

Da doce angústia minha és o aldeído.

Alessa B
Enviado por Alessa B em 05/11/2020
Código do texto: T7104651
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