Recolho-me - soneto
Recolhe-me ao silencio desta noite desocupada
e escondo-me nos meandros das horas e das trevas.
Fugindo assim da realidade perpetuada do cotidiano
E destes adágios de amor que me entontece e ferem.
Fazendo frutificar neste imensurável e intenso vazio
Que seguem as horas morosas e indefiníveis e informes
Trazendo para o meio dos escombros que ainda agitam
O deixado e que ficou no passado que estão arquivados.
Sem ver si quer um raio prodigo de luz a enaltecer os dias
Que são vazios e sem tempero algum, amealhando mais
As encruzilhadas dos meus aforismos. Coisas que passadas
E que parecem inúteis florescem sem cuidado algum para fundir.
O que um dia no passado distante arquivei sem dó, sem remorso.
Para ter em meus ditados hoje. Somente a liberdade dos pássaros