OS PANFLETOS

Andejam sobre o rosto carcomido

os féretros, salgados envoltórios

de sonhos doutro dentre os mais inglórios

guerreiros, um total desconhecido.

O vendaval, malévolo e atrevido,

entrega em uns papéis convocatórios

promessas sem valia, falatórios

que já cansaram muito um oprimido.

Tristonho olhar desliza na mensagem

o desesperançoso personagem

da cena repetida, de terror.

A noite chega, irônica, no gueto:

transformam-se, panfleto após panfleto,

mais tarde, em degradante cobertor.