É TARDE!

Trataste com repulsa meu suplício,

minha alma nua com distanciamento,

jamais te apeteceram o bulício,

os risos que hoje não experimento.

Se queres encontrar algum resquício

daquele abrasador deslumbramento,

talvez precises ver o precipício

e tudo o que atirei no esquecimento.

As dores de um amargo desenlace

não mensurei, sofri tormento fero,

temendo que a tristeza não calasse.

Agora que voltaste arrependida,

não queiras me dizer que sou severo!

É tarde, apenas, sigo a minha vida.