Sem Norte
"O destino marcou-nos com o sinal dessa procura e em todos os recantos de existirmos ele se manifesta."
FERREIRA, Vergílio “Arte Tempo”, edições rolim
Marmórea a Mnemosyne, eu nua em espuma
Impoluta, fremente ranjo os dentes,
Mordo arrepsia acerada qu'entrementes
Implexa, me atordoa. Imerjo enquanto uma
Bússola me evanesce e mais nenhuma
Efígie reverbera tão fielmente
Senão uma rosa branca, e de repente
Dissolvo-me - sou cinza que avoluma.
Sem Monte Horeb ou Porto, neptuniana
Bissexta brisa, véu d'alteridade
No espelho em estertor que me profana.
Túrbida a Cifis rasga-me dentro e há-de
Abjugar na memória uma atra liana.
Sou Medusa sem Norte, nome ou idade.