À Bolina
"Deus fez-nos cheios de buracos na alma e o nosso dever é tapá-los todos para navegar."
Vergílio Ferreira
Nem Píramo nem Tisbe ou o pote d'ouro
Após o arco-íris, como combustível
Ou o declinante Hyperion do Keats crível
Qual gnose dum mirífico vindouro?
E nenhum barlavento haure fulgor
Ou estro, qual vão lirismo incognoscível.
Talvez o Endymion porque imarcescível,
Assim invicto em confluir ou a fé que for.
Far-se-á surdir das trevas, porventura,
Na quididade diáfana de Heráclito,
O espectro misantropo em desventura,
Adur, em senda helíaca, ressurge ínclito.
Etérea, a sua voz ainda me murmura...
À bolina dum indígete ou um paráclito.