Não me peça poema
Ei, não me peça poema, não me peça.
Não me peça que já não mais escrevo.
Matou a inspiração de mim esse tédio,
Olhe-me, vês agora? Ao todo só devo.
A caneta treme, o verso se estressa,
Tonto, indago, cadê as folhas do trevo?
Quem colocou a vida fácil no médio?
Ah! Como o tempo é doloroso e sevo!
Fumo a vida nesse forte cachimbo,
Quero correr como fugir do limbo,
Escapar daí e subir para o paraíso.
Mas é covarde todo esse cansaço,
Treme na base para o imenso braço
Da Boemia que rir com a cerva o riso.