A VIVÊNCIA DA MELANCOLIA
A existência em toda a sua brutalidade e crueza
É cingida pelo peso de uma estranha dor
Que faz crescer no ser os abismos da incerteza.
Eis aí o teor da melancolia frente a tanto desamor!
Há nessa vivência o gosto amargo de um grande vazio
Que provém da sensação da futilidade de estar
Cercado por um mundo de pessoas ausentes de brio
E prejudicadas para um autêntico ato de se solidarizar.
Nessa experiência, tudo parece escuro e sem finalidade;
E tudo parece tão superficial e em estado de caducidade
Tal como as folhas secas do mais rigoroso inverno!
Na melancolia, a nos afastar do que há de mais banal,
Podemos sentir muito bem todo o ilógico da vida social
E não sermos mais uma presa de nosso tempo hodierno.