O VAMPIRO

Depois de sufocar qualquer suspiro,

cobrir, da minha estrada, os refletores,

o pó dilacerante que respiro

infesta os derradeiros estertores.

Na trilha pedregosa, meu retiro,

a solidão me entrega aos dissabores

e a sede insaciável de um vampiro

na seiva das quimeras vê licores.

Gotejam sobre as folhas de um diário

os olhos alquebrados, quase secos,

cumprindo novamente seu calvário.

Sem descobrir um rumo mais seguro,

abandonado, andeja em tantos becos

um coração que nunca viu o escuro...