Soneto do açaí
Por que me fazes falta, fruto roxo,
pois se dizem de ti gosto de terra;
mas se me faltas sinto o gosto coxo,
como se fosse triste à sua espera.
Boto-te açúcar mas não te apavores,
é que o amor é doce e assim te quero;
faço-te meu pecado e meus sabores,
e ao dia do juízo ali te espero.
Se serei condenado injustamente,
a culpa há de ser gorda é toda tua!
a gula deveria ser-me nada.
Fui à maçã do Éden calmamente:
a vida é curta e cabe numa cuia
de um açaí do grosso à colherada.