PORCELANAS
Vivemos nosso conto ao arrepio
de convenções antigas, puritanas,
levados pelas fábulas mundanas
às garras do faminto desvario.
Desesperadas bocas têm, ciganas,
os pratos de um banquete fugidio
e engolem, neste falso senhorio,
manjares, deslizando em porcelanas.
Olhamos ao redor as rachaduras
crescerem nas paredes destes mundos
erguidos sobre bases quebradiças.
Mais uma vez seguimos, às escuras,
roteiros diferentes mas fecundos
em solidão, carências e cobiças.