O ESTREITO DE ÉDEN
Além está o rio, antes do azul,
antes mesmo da água, um rio além
do rio, a cavalgar o dia num púl-
pito de estrelas, vãs, de morto Amém.
Além está até do fim. Ao sul-
co de suas patas afogo-me, sem
gole, à gula das glândulas refluo
sem qualquer Deus: um rio para ninguém.
Somente em mim afundo a nau nasal
como no Saara a abóbada do ovo
num pão de dó que a tudo abisma e une ao
rio, que está além, a sós, antes do dano
que fez-me póstumo, para de novo
fazer-me e morrer-me à praia do humano.