Quase um soneto de amor
De tudo que eu amei, ó minha alma!
O que foste em fim de verdadeiro?
Daquilo que puseste à minha palma,
O que não escorreu de passageiro?
Se o amor de tudo passa, o inconstante.
Por que a dor de cada um fica de paga?
A memória escolhe o que é importante,
E egoísta salva em si e não apaga?
Se nada é meu, então por quê m'o trazes?
Por que insistes em me impor esse tormento?
Será que a dor da minha perda vos comprazes?
Serão os amores sempre fluidos ou fugazes?
Chegam fogosos e intrometidos como o tempo?
E tal como chegam, vão embora quando aprazes?
Adriribeiro/@adri.poesias