FOLIA FONÉTICA
Chocalho de folhas da copa arvorenta,
Se venta, sacode o pagode de galhos;
Assoalho de terra, que emperra e assenta,
Portenta canção de tufão, sopro falho.
Aqui embaralho palavra violenta,
Enfrenta e marrenta, me põe em frangalhos;
Atalhos de frases que case aos cinquenta,
E experimenta sua menta em farfalhos.
Alhos e bugalhos que fazem sentido.
Ouvido instruído na bela harmonia,
Poesia difícil em risco banal;
E o tal desafio com brio retorcido,
Duvido ter tido a coesão, primazia,
Folia fonética, tão musical.
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Interação ao fantástico soneto da Creusa Lima FLOR SE HIBISCO. Leia ele abaixo.
FLOR DE HIBISCO
Semeei no quintal, um pé de hibisco,
No disco, um DJ, mixando, embola;
Viola chora, dançante, rebola,
Galinha d'angola cata marisco.
Os pastores procurando aprisco,
Risco no chão - desço a padiola.
Recreio na escola, rolando a bola,
Caio na sola e no pé de uma argola.
Declama um cordel põe um rabisco,
Um cisco no olho pragueja frajola,
Esmola ao cego atira a espanhola.
Empola o discurso - traz o petisco;
Belisco o nariz, seguro a sacola,
Corpo de mola, depois eu confisco.
(Por Creusa Lima)