SONETO VIII
Aquele senhor sempre em sua janela
Dos transeuntes as palavras comprava
E não se sabia o porquê de tal lavra,
Nem a razão de querer esta ou aquela?
Não se importava quando era feia ou bela:
Prisco, enterro, falange até larva,
Sempre uma venalidade lhes dava.
O que fazia com olvido e sequela?
Com o tempo, tanta palavra tinha,
Que ninguém mais em sua solidão vinha!
E qual o objetivo de tantos semas?
Eis, um menino lá jogou sua linha
E trouxe um papel da escrivaninha
E foi de lá que furtou esse poema.
(Ricardo Gomes Pereira