Soneto da insensatez de nossos tempos

Da saúde as doutas autoridades

Preconizam que fiquemos sozinhos

Ou mais distantes de nossos vizinhos

Pois não se tem a cara imunidade,

Para a qual a vacina, cobiçada,

A libertar a gente do tormento,

É hoje da ciência o maior intento,

Contra a dor que faz a Terra magoada.

Mas escandaliza nestes tempos a surdez

De multidões insensíveis aos reclamos,

A se aglomerar com insana intrepidez...

E assim, longe da sábia lucidez,

Vai-se agregando o maior engano:

A vida despida de sensatez.