JEJUANTE
JEJUANTE
A fome que me come p'las entranhas
Quer, senão me matar, mortificar.
Ou pôr as emoções em seu lugar
E retomar com Deus velhas barganhas.
De barriga vazia, horas estranhas
Eu passo sem que possa nem pensar:
Talvez deixe de ser só para estar
E negar à carne fraca novas sanhas.
Decerto, há-que se ter todo o desejo
Para além das vidas que cotejo
Paralelas ao tempo e à eternidade.
Mas quem controla quem? Vai se saber...
Sigo jejuante para não querer:
Nego à carne qualquer necessidade.
Betim - 05 07 2020