Cálice

Em algures que jaz abandonado

Se vê encarcerado em despropósito

Aquilo que de agradável ao insólito

Se tornara impalatável ao fardo

Uma vez profanado o relicário

Mostrado à concupscência dos olhos

Lhe amaldiçoam atrozes antolhos

Enredados ao dessacralizado

A embriaguez que engana e envenena a alma

Relembra-lhe sem engano o seu preço

À cada cálida gota entornada

E como gozaram das notas amargas

Do seu sangue crepusculado e espesso

As mentes por ti dessaborizadas