PAPEL DE CARTA

PAPEL DE CARTA

Na folha perfumada, a sua escrita

Tornara-se poesia simplesmente

Pelo esmero co'a letra que, inocente,

De vermelho entendia mais bonita.

Um menino que poeta se acredita

-- E todo mundo sabe diferente... --

Escreve para a bela tendo em mente,

Que a carta findará tanta desdita.

No envelope escarlate, exagerado,

Floreia o nome d'ela tão amado

Com voltas de cursivos rococós.

Mas, tímido demais para assinar,

Sem remetente deixa o seu lugar

Como secretamente amam os sós.

Belo Horizonte - 08 07 1991