Assim como o latido irado de um cão
Não pode deter a caravana que passa,
Também não se consegue fazer o pão,
Sem enfiar as nossas mãos na massa.
 
Igualmente não se pode requerer nada
De quem não sustenta sequer os seus;
O melhor é botar as pernas na estrada
Cabeça no lugar e o coração em Deus.
 
Porque tudo o mais, nesta vida, passa,
Pois que ela própria é uma coisa fugaz,
Como lenha que queima e vira fumaça.
 
Ela é um enigma que nunca se conclui,
E pode ser nuvem que o vento desfaz,
Mas o que ela solidifica jamais se dilui.