TRILHA XI - PAI
*PAI*
Suave, perspicaz e ponderado,
Assim, que caminhou por toda vida,
Cansado de lutar na dura lida
Caminha meio que, descompassado.
Recordo quando as vezes na guarida,
Contou os seus relatos do passado,
Constituindo o mais sutil legado
De exemplos geniais, com fé florida.
Aos filhos a total dedicação
Deixando no caminho uma lição,
De amor, perseverança e muita paz.
Papai!... Que nome puro belo e forte...
Você a grande estrela, deu-me norte,
E digo, quanta luz, a todos traz.
Douglas Alfonso
*OS CAUSOS DO MEU PAI*
Eu lembro meu pai junto a nós, certa feita,
contando os seus causos à luz da candeia.
Mamãe, num banquinho, sentada à direita
e qual toda tarde a tapera bem cheia.
E num dos seus contos medonhos, na espreita,
um gajo entre nós, sorrateiro se ajeita,
retruca dizendo que a morte permeia
história funesta e nos leva de empreita.
Arguindo o meu pai e apontando-lhe o dedo,
lançou-lhe a pergunta, se não tinha medo,
e o velho responde em voz clara e serena:
Se me for possível, da morte eu me escondo;
se alguém perguntar, prontamente eu respondo:
não há medo algum de morrer, tenho é pena!
Edy Soares
*A PERDA DO PRUMO*
Quando velava o pai, na tumba fria,
Vi na tristeza desse filho, a dor...
Todo seu pranto que molhava a flor,
Vinha do peito que ali não sorria.
Quanto ele mais chorava, a dor doía
E, junto à dor, pulsava o seu amor,
Antes pintura, hoje painel sem cor,
Hoje saudade de não mais ter guia...
Tudo acabar com a partida eterna
Daquele que foi o seu próprio rumo,
Não sei dizer se pode ser o fim,
Viver no escuro, sem a luz paterna,
E não ter paz, por ver morrer seu prumo,
Eu sei dizer, pois já senti em mim...
Plácido Amaral
*TUA PRESENÇA*
*(CONVERSA ÍNTIMA)*
Amanheceu, olhei pro céu e disse -
Onde estarás? E um doce olor senti;
Surpresa, então sorri... e pressenti
Tua presença; e como se eu te visse,
Abri os braços, para que sentisse,
Amavelmente, o meu abraço em ti;
Mormente, o teu enlace, consenti,
Deixando que entre nós o amor cingisse.
Emocionada, confessei-te o ardor
Dessa saudade, que machuca e faz,
Carente os dias, sem o teu amor.
Ainda sinto muito o desencontro!
No entanto, sendo a vida - Pai - fugaz,
Aguardo, apreensiva o reencontro!
Aila Brito
*PATERNAL*
Nos atos meus, percebo a semelhança
E a imagem sua surge na memória
Nas pétalas vivazes da lembrança
Por quem agora escreve a própria história!
Revivo os tempos idos de criança
Nos quais o meu herói me dava a glória,
A proteção e toda a confiança
No triunfar de minha trajetória!
Neste diário choro e mais sorrio,
Por lenço cristalino desse rio
Lançando mais um verso que me sai,
Quando eu jogava a pedra sobre as águas
Jamais a imaginar futuras mágoas
Que eu lia no semblante do meu pai.
Ricardo Camacho
*O FAROLEIRO*
Teus passos me fizeram caminheiro
intrêmulo perante as curvaturas
das trilhas e, se acaso mais escuras,
esteve pronto o meu herói primeiro.
Amparo tive em tuas mãos seguras,
com teu exemplo foste o faroleiro
e sempre ouvi a voz de um conselheiro
quando gritaram alto as amarguras.
Cresci, mas o tamanho não importa
porquanto a gratidão é o que me exorta
a celebrar a vida de um gigante.
No preito de justiça, pai, bendigo
a graça de poder contar contigo
sem condição alguma, a todo instante.
Jerson Brito