Dias vazios - soneto
Dias vazios inertes sem um abano do vento.
Lembranças enclausuradas somente afligem
devaneios das horas que tal qual conta-gotas
são dissipadas no relógio que moroso que corre.
Instantes aflitos. Somente a caneta com tinta azul
desliza melancólica sobre o papel que nada contesta.
Versos são fluidos, pelos pensamentos que gemem
na frigidez. Com momentos amorfos retratando o nada.
Nesta visão que deslumbram os momentos. Apenas risos
de recordações enfeitadas com flores, rosas e margaridas,
num ritual que faz um replayer, do que fora vivido antes.
Assim: transcorrem os dias penosos que amealham os dias.
Em conjunto resignado e amorfo deste cotidiano insensível
sem a esperança que não pauta, os momentos mais argutos.