DA PEDRA À PLUMA

Jogar-se à vida, feito fosse apenas

fumaça, gota, vento, pó ou pluma,

sem crença, à espera só que o agora suma

com suas sapiências e dilemas...

Viver barquinho folha de caderno

que, lentamente, molha e se desmancha

num tanque d'água, ao sopro da criança,

e finda, assim, seu tempo breve e eterno.

Porque somente coisa é plenitude.

Ninguém é livre, se ama ou se deseja,

ou, se em revolta, em ódio, o cerne empedra.

É se lançar, deixando sobre a mesa,

o senso de justiça e os sentimentos,

ou se atolar, cair nos próprios brios.