Soneto ao poeta que não quer o soneto
Se a palavra e a bela rima te ocorrem
E a imagem precisa vem ao vento,
Imprevista e de ti quer o rebento
Para os que com o poema se socorrem...
Se as sonoridades em ti não morrem
E levam ao de muitos grande intento,
Qual seja, o soneto de erros isento,
Em cujo ritmo as almas se movem...
E, se ainda assim, agora o rejeitas
Qual o pródigo que do pai se afasta,
Perdes, negando a palavra que enfeita,
A forma com que de hábito deleitas,
Visto que nem mesmo o tempo a desgasta
E certo acolhe o poeta que a aceita.