O Louco
Disseste-me uma vez, à noite: "És louco!"
Ora, mas por que ser normal sem ver
O fulgor das estrelas e tampouco
Falar a elas até o amanhecer?
Se a iriante linguagem delas eu ouço
Assim que o arrebol faz anoitecer,
Como posso, fingindo-me de mouco,
Não ouvir o que elas têm a me dizer?
De espaços longínquos elas brilham
Com mais intensidade aos que amam,
Falando dos amores d'outras eras!...
E, emocionado, miro a elas, converso...
Dizem-me do majestoso Universo
E da felicidade de outras terras!...