O SENTIDO

O que importa a tela morta, a porta fechada,
A solidão, a alucinação, a treva,
A fugacidade, a idade, a tez rasurada?
Se a minha alma é poema, se eleva...

Além da imprecisão, do aqui, do agora,
Se faz sonora, por fora da identidade,
Decora o olhar, elabora a luz da aurora,
Ignora a lucidez, a impossibilidade.

O que me importa o peso da sua ausência?
Se a minha alma se transmuta em gaivota,
E deixa os ais, o cais, vai na influência..

Ah! que importa o nó cego, o ego recolhido,
O desconcerto, o aperto na aorta?
Se o poema é o meu libertário sentido...