VERBO DESNUDO
O que seria de mim sem a palavra escrita,
Sem essa magia que invade minh'alma;
Que, as vezes, é bravio vento que agita,
E, não raras vezes, é brisa que acalma.
O que seria de mim sem a palavra escrita,
Sem o seu poder de sentir e falar por mim;
Estaria perdido na multidão, e de alma aflita,
Viver seria triste. Seria um morrer sem fim.
O que seria de mim sem a palavra escrita,
Interprete que, as vezes, se faz tão contrita,
Por entregar meus ais, em verbo desnudo;
O que seria de mim sem a palavra escrita?
Eu teria um coração a penar e uma alma aflita,
Pois, sem a palavra escrita...Eu seria mudo.