TRILHA DE SONETOS IX - FIRMAMENTO
*CÉU*
Feito um comboio de algodão, flutua
E espalha-se no espaço azul celeste
Em formas de brancura toda nua
Na abóbada do céu que se reveste!
O dia e a tarde somem... chega a lua...
No pano negro a lâmpada inconteste,
A noite fenomênica acentua,
Luzes de prata toldam um cipreste!
Estrelas dormem... nasce um facho agora...
Aceso o dia... a luz pompeia a aurora...
A passarada - antônima tristeza -,
Íncola da manhã, acorda a vida
Despindo-se da roupa enegrecida
Quando se integra à Santa Natureza!
Ricardo Camacho
*NASCE UM POEMA!...*
Entre arrepios, ouço, ao longe, uivando,
um lobo solitário. Um véu brilhante
encobre céu e a lua cheia, amante
dos seresteiros, surge e vai rasgando
o firmamento. A estrela cintilante
azul, entre outras mais, vai se apagando
e se acendendo; e um brilho intenso, quando
passa um cometa, é o ponto alucinante,
em que, o poeta insone, a inspiração
contempla e nele embala o coração,
feito quem ergue o seu maior troféu...
E dá-se assim, então, um novo parto:
o bardo, na janela do seu quarto,
dá à luz o seu poema, olhando o céu.
Edy Soares
*O OCEANO PESCADOR*
Estar no epílogo do dia, enfim,
É conseguir uma vitória a mais,
É ver surgir na escuridão, um sim,
Por ter galgado os seus degraus gerais.
Eu desprezei no firmamento, os ais
Que me trouxessem penas sem ter fim,
Que me causassem dores que demais,
Não permitissem ser quem sou assim.
Esse oceano que cobriu o Sol
O transformando em plena paz lunar,
Fez, com seu manto, a fé de um bom lençol...
Que ao vir banhar de escuridão seu lar,
Espera a luz, pra vir, com seu anzol
Pescar o céu e devolvê -lo ao mar...
Plácido Amaral
*LÁ NO FIRMAMENTO...*
Morada das estrelas, céu divino,
Da lua, musa eterna dos poetas,
Do sol, planetas...! Logo te imagino,
Um anjo em voo, de asas bem discretas;
Contemplo o manto azul, e em desatino,
Agora escuto as preces mais secretas...
No teu semblante, um riso cristalino,
Me leva a imaginar vestes egretas.
Levito! E num segundo, em pensamento,
Vou ter contigo, lá no firmamento...!
Recolho uns astros; faço-te um colar,
Pinto um luzeiro em laivos tom carmim,
Da cor do amor, pra ti, meu serafim;
No coração, preparo-te um altar!
Aila Brito
*O POETA E A LUA*
O cosmos se presume interminável...
E olhando para o céu neste momento,
Vislumbro, com sereno encantamento,
Beleza natural incomparável.
Em plenilúnio, brilha o astro admirável:
A lua, em orbitado movimento;
Estrelas, salpicando o firmamento,
Completam este quadro formidável.
O sol! Senhor da vida nesta terra,
Permite à lua cheia, certas noites,
Que brilhe, mas seu ciclo logo encerra,
Volvendo novamente a escuridão.
Sem verve e sem luar, nesses pernoites,
O Bardo cala a voz, em solidão.
José Rodrigues Filho
*NOITE ENCANTADA*
Poeta, acorda e vem mirar a lua
no céu escuro, bela e cintilante,
usando véu de estrelas por turbante
e pó de prata com que se tatua.
Vem espreitá-la, ao menos por instante,
o alvor da luz no escuro se acentua,
está mais bela do que quando, nua,
desfila pelo céu, muito elegante.
Andeja sobre o manto estrelejado
- tapete tão macio e aveludado –
a bela ninfa envolta em rendas, véus.
Está demais garbosa - quanta graça! -
deixando argênteos fios onde passa,
e sonhos dentro d’alma dos incréus.
Edir Pina de Barros
*PINTALGAR*
Os pensamentos voam numa nave,
Que nem a "NASA", não criou ainda,
Com essa idéia, formidável, linda...
Cantando vou, em minha espaçonave.
Assim exploro, de uma forma infinda,
O lindo "Cosmos", que se faz suave,
E meu imaginário, assim desbrave,
Mistérios do universo, a fé, não finda.
Por vezes tenho, puro pensamento,
Me basta olhar, o belo firmamento,
A lua imensa, dilatada, cheia.
Ao seu redor, vislumbro pulsações,
No pintalgar das mil constelações,
Se vem a noite, justa presenteia.
Douglas Alfonso
*CÉU SEGURO*
Exploro o eterno, almejo o céu fecundo,
o azul inexplicável, primazia
Durante o dia, o tempo num segundo,
a noite vem... Rainha tão sombria!
E lá está a lua bem no fundo,
vislumbro o afastamento, e só queria,
a luz, magia... Canso, enfim, afundo!
Espero a fantasia, a vez do dia...
Clarão me atinge e sinto que esqueceu,
que já pedi, sofri... Morri no breu!
Reverto, e vou além de mim na altura...
Garanto enflorescer qualquer futuro,
serei o céu seguro, nunca obscuro,
os medos, o ódio e a dor... Senhor, me cura!
Janete Sales Dany
*PLENILÚNIO*
A rubidez desmaia na garganta
da vastidão que chega esfomeada,
arrasta a lingua, lambe toda a arcada,
envolve o fogaréu e se agiganta.
Na mesa do banquete, a musa encanta,
saúda mil sorrisos, venerada,
oscula a névoa e exulta, coroada
senhora do negror que se levanta.
Ao longe, rostos cheios de mistério
enlaçam a beleza desse império,
tornando-se molduras lapidares.
Em meio a juras, toques e carências
os namorados dizem confidências
no céu da noite preso em seus olhares.
Jerson Brito
*VIA LÁCTEA*
Sozinho, sinto a brisa na calçada;
É breu no meu sertão neste momento,
No entanto, a nitidez do firmamento
Revela a magistral noite estrelada.
A imensidão se faz representada
No pálio aberto. Então meu pensamento
Divaga. E como lírico sedento
Adentro a majestosa madrugada.
Olhando essa miríade de estrelas,
Declaro que jamais quis entendê-las;
Procuro apreciá-las simplesmente.
É bem pequena a minha pretensão;
Só quero que me venha inspiração
E eu seja um menestrel mais competente.
Gilliard Santos
*O CÉU*
O céu, em beijo azul, amanheceu
Alegre, recebendo o seu louvor.
O sol, em união, incandesceu
E as nuvens ofertaram seu alvor.
O céu, agora anil, recrudesceu,
Se dando em alimento com fervor.
A ventania forte arrefeceu,
Querendo mil perdões ou um favor.
O céu depois ficou avermelhado
E o amarelinho sol, alaranjado.
As flores violeta suplicaram,
Pedindo ao infinito a proteção
E, em sua verde fé, libertação.
Fitaram, pois, os céus e contemplaram!
Luciano Dídimo