TRILHA VIII - BORBOLETA
*O POUSO DA BORBOLETA*
As borboletas dançam entre as flores
posando para telas divinais
e emprestam aos jardins as suas cores
feito caleidoscópios colossais.
Inspiram os aedos trovadores
aos mais imensuráveis recitais,
enquanto os mais horrendos caçadores
sucumbirão nas penas capitais.
Do seu casulo brota a poesia
vestida da sublime fantasia
nas asas que colorem o planeta
e o lírio ainda crê que no futuro
consiga também ser porto seguro
do pouso angelical da borboleta.
Adilson Costa
*O VOO DA BORBOLETA*
Sempre donzela... ganha a liberdade,
Tímidas asas batem com tremura
Feito a penugem, flâmula insegura,
Angelical - Santíssima trindade!
Inspira vida em plena flor da idade,
Exala cores numa essência pura,
Encanta o mundo, tanta formosura,
Suave e leve vai... dará saudade!
Subitamente, volta estremecida...
Sonho acordado, a face estarrecida
Numa supresa, o riso de espoleta
De quem, no olhar, aceita o própria vida
Na chama alegre e casta que convida,
No eflúvio dessa bela borboleta!
Ricardo Camacho
*OS DANÇARINOS*
Na solidão completa da clausura,
a verve de um artista sem rivais
sob o silêncio pulsa e seus sinais
parecem se esconder na tinta escura.
Emaranhadas linhas, à procura
de suas trajetórias ideais,
lá dentro erigem traços parciais
das curvas de uma esplêndida pintura.
A estreita casa abriga seu portento:
os tons maravilhosos da paleta
formada pelo Altíssimo Talento.
E, enquanto afaga a rosa, a violeta,
sibila e ensaia a grande dança o vento,
à espera da parceira borboleta.
Jerson Brito
*METAMORFOSE*
Qual anjos populando a troposfera,
umas de cor intensa outras albinas;
refletem sobre as águas cristalinas
voejos na estação que Deus se esmera.
Matizam misturadas, pequeninas,
às cores enfeitando a primavera;
poesia que se anima e prolifera
polinizando as flores das campinas;
se espalham nos jardins e afagam flores
num frenesi que instiga os escritores,
cintilam nas mais belas silhuetas...
O vate empunha a pena e o pergaminho
e em pensamentos, feito um passarinho,
alça o seu voo e imita as borboletas.
Edy Soares
*O CIÚME DA NUVEM*
A borboleta azul me quis dizer
que sua cor foi lá do céu roubada
e que foi Deus, que sempre soube ter
na sua cor, a cor bem mais notada.
O azul celeste do seu tom faz crer
que toda luz que vem é bem chegada
que até nos clama nesse céu, arder,
queimando a nuvem com a chama alada.
A nuvem chega a nos mostrar ciúme
com tanta inveja e tendo um plano nulo
que nem convence o Céu com seu queixume.
O seu capricho é muito fútil, chulo
e a sua faca, que incapaz, sem gume,
não cortará jamais, algum casulo...
Plácido Amaral
*AS BORBOLETAS*
Rompendo seu casulo tão fechado
expressa linda forma de grandeza
aí se nota toda realeza,
"metamorfose", deixa um ser, alado.
com graça vai voando, que beleza,
trazendo para nós um balançado
é belo apreciar sutil bailado,
contido no primor da natureza.
a dança mais suave e delicada
quem sabe pode mesmo ser chamada...
balé emocional das piruetas.
no início todas eram só lagartas
porém, determinaram que estão fartas,
nascendo no final, as borboletas.
Douglas Alfonso
*MORFÍDIA-AZUL*
Agraciada em cores divinais,
Poema vivo, belo como as flores
Encanta os olhos, lembra dos amores,
Que tão depressa, passam, virginais.
Colore o céu diurno; matinais...
Inspira vates, mestres, escritores;
Também egéria, dos fiéis louvores,
Ao Criador. Revela bons sinais!
Porém, a cena presa na retina
É a mais formosa e excelsa bailarina
Livre ao sugar o néctar da violeta;
Reflete ao sol, com garbo complacente,
Conspícuo azul-metal iridescente;
- A minha preferida borboleta -
Aila Brito
*DESEJO BORBOLETA*
Queria ser liberta e sem o medo
Mas desde pequenina, sou pequena
Amor e céu, negados logo cedo
Cresci sentindo a flecha que envenena,
o meu viver no gelo e nunca ledo,
até agora a mesma frieza acena!
A vida sempre espelha o meu segredo,
e só almejo o afeto, a paz serena...
Invejo a natureza, o voo amor...
Jardim encanta, cena multicor!
O lírio não despreza a violeta
Desejo alegre invade a minha mente
Imploro a Deus, a chance transcendente...
Nascer de novo e ser a Borboleta!
Janete Sales Dany
*A TRANSFORMAÇÃO*
A lagarta inicia a sua vida
Rastejando na terra, humilde e feia.
Larva longa, cilíndrica, comprida,
Come a folha com tédio em sua ceia.
A rotina lhe deixa aborrecida.
Transformar seu destino, é o que anseia.
Resolvendo ficar bem recolhida,
Ela faz do casulo uma cadeia.
Na clausura, elevando a sua prece,
Oferece com fé as suas dores.
Um milagre, em seguida, lhe acontece.
Asas, ganha de Deus, com muitas cores,
E voando no mundo ela agradece,
Espalhando beleza e mil louvores!
Luciano Dídimo
*INVEJA DAS BORBOLETAS*
Dançando em meio às plantas, livremente
Estão as borboletas, animadas:
Vermelhas, amarelas, azuladas...
Trazendo mais beleza ao ambiente.
Eu fico contemplando-as longamente,
Observo as trajetórias variadas
Ao visitarem flores perfumadas,
Sorvendo-lhes o néctar, calmamente...
Mostrando seu estilo sedutor;
Percorrem o jardim, de flor em flor...
Executando afáveis piruetas.
Um sentimento estranho, então, me invade:
Quem dera se eu tivesse a liberdade
Daquelas coloridas borboletas.
Gilliard Santos
FASCINANTE BRUXA
Que dure para sempre este momento
E esta visão dourada permaneça
Que a Borboleta não desapareça
Tirando do jardim o encantamento.
Sai do panapaná, em voo lento,
No aguardo que o parceiro a reconheça
Exala um feromônio pra que cresça
E quebre seu recorde em nascimento.
Crisálidas do claustro despertadas,
Aveludadas asas transmutadas,
Proliferando em virulência farta.
Alegre ser que enfeita a natureza
Por, neste estádio, expor rara beleza
Concordo em dar um bônus à lagarta.
José Rodrigues Filho