Soneto Vespertino
A tarde, então, tomada por rubores,
Que farão do firmamento uma tela,
Será tão triste e abstrata quanto bela
No dia em que eu ficar e tu te fores.
O vento ecoará nos corredores,
De onde se verá através da janela,
Os resquícios de uma luz amarela
Morrendo num jardim cheio de flores.
Assim, este dia tão lindo e triste
- Porque beleza na tristeza existe,
Assim como vermelho no arrebol -
Há de ser, certamente, como um filme
Em que uma música embala sublime
O amor que se desfaz ao pôr-do-sol.
Wedmo Mangueira - 01/06/2005