SONETOS - SÉRIE TAUTOGRAMA
*** 45 AMORES AGENDADOS ***
Amontoada, ali, alpendre afora,
atrapalhadamente aponta: Alcina
Anamaria, Adélia, Amanda, Albina,
Aparecida, Augusta, Alcélia, Aurora...
Amância, Anita, Atília, Alexandrina,
Abigail, Aline, Ariele, Amora,
Aila, Adelina, Acácia, Arlete, Aldora,
Alberta, Amirtes, Alda, Ana Angelina;
Alba Açucena, Aída, Andara, Alana,
Andréa, Andressa, Alanis, Adriana,
Aisha, Arcelina, Adenaildes, Ada...
Ainda a Artemis, Ágata, Adalgisa,
Agnes, Alzira, Antônia, Analuiza...
A amarelada agenda amarrotada!
Edy Soares
*** ANSEIOS ***
Amor audaz assumo aqui, agora,
Afasto angústia austera, anseio amar,
Alegre andar, até adicionar
Amante ardente, azul-anil aurora.
Atenta andejo além, alfombra afora,
alento afeto ainda aconchegar,
achar apreço atento, aventurar,
agir, arar, aguar ameixa, amora.
Anelo, assim, algum abraço, abrigo,
atuo, aguardo atônita, aninhando
assaz apreço, apego, apoio amigo.
Atrevo, altiva, atávica atitude,
avoco alhures, algo adivinhando
alguém, apenas, álacre, amiúde.
Edir Pina de Barros
*** AURORA, ADÃO E AFRODITE ***
Acende a aurora amarelada, ardente,
Aplaudo arremessando abraço, agora,
Anelo atraio aleatoriamente,
Apreciando altura, azul afora!
Ações aspiro, atenciosamente,
Além, arvoro amor; a amada adora.
Acordo arfante, adrede - aedo ausente?! -
Amaviosa, altiva, adoça a amora!
Anjo, Afrodite, argêntea auréola armada
Acima a acompanhar... acena, agrada...
Avança, acesa, aurifulgente afim!
Atônito agradeço - Adão? Assumo! -,
Aluno arcaico, amargo, alvitre arrumo!
Após, andejo amante alegre assim!
Ricardo Camacho
*** DELEITE ***
Dá desespero. Débil domador,
delírios despertados dissemino:
debaixo de dulcífluo desatino,
derramo doses desse despudor.
Devoro devagar, desbravador,
delícias descobertas, descortino
deslumbramentos dentro do divino
desejo duramente ditador.
Dardejo diversão, desregramento,
divisas desconheço, desatento:
demoram digressões, desfalecemos...
Despontam, deusa, dádivas diversas!
Devemos desfrutar, deixar dispersas,
deitados, donos delas... Degustemos!
Jerson Brito
*** DISCERNIMENTO ***
Desânimo...! Danoso desamor,
Dinâmico, deságua! Descuidosa
Devassa, desabrocha (duvidosa)
Desejos desonestos, danos, dor...
Decrépito desleixo, detentor.
Destarte; doação dura, dolosa...!
Devota doravante (dadivosa),
Decoro; desfazendo despudor.
Derrama: dogma, dons, deprecação...
Decreta destinada devoção;
Descarta deplorável desalento!
Ditosa declarada - Deus Divino
Denota digna diva do destino,
Dourando diretriz; discernimento!
Aila Brito
*** ESSENCIAL ***
Então escravizado, enfim egresso
E escrevo enternecendo ebulições.
Encantos explosivos eu expresso:
Enchentes, estiagens, estações.
Errático, extermino esforço espesso,
Espalho esplendorosas emoções.
Esquartejando edemas em excesso,
Espada erguida, evito exortações.
Espio, espedaçado, embora estático,
Estrelas emitirem esperança,
Elidindo equilíbrio exemplarmente.
Escolho evoluir, efeito empático,
Engesso, esmaecendo, essa esquivança.
Expiro, engrandecido, eternamente.
Luciano Dídimo
*** PASSEIO PELA POESIA ***
Passeio pelo parque, paciente;
Projeto pensamentos perfumados
Por plátanos, pinheiros pincelados...
Preconizando plácido poente.
Peculiares pássaros, parados,
Parecem proclamar perfeitamente
Poemas penetrantes, prontamente,
Porquanto pintassilgos preparados.
Preencho presunções protocolares;
Persigo paramétricos pilares;
Planejo, pois, potente primazia.
Procuro plenamente pura paz;
Prossigo passeando, perspicaz...
Passando pela própria poesia.
Gilliard Santos
*** PIEDADE ***
Percorro pergaminhos primorosos...
Polidos pelas pobres penitências,
Procuro paz, pedindo paciências...
Purificando, prós, padrões penosos.
Provando palidez, previ plangências,
Procurando propôr, perfis pomposos...
Porém palpitam, pérfidos, porosos,
Percalços procurando prevalências.
Prefiro percorrer painéis pintados...
Providos por pintores preparados,
Pincelando primícia, piedade.
Podendo permitir, perseverança,
Profundamente procurei pujança...
Portanto, ponho-me... pluralidade.
Douglas Alfonso
*** SONETO SONHOS SOLITÁRIOS ***
Solitários sonhando sofrimentos,
Serenamente sofrem solidões;
Sentenças suicidas, sentimentos,
Soturnos, serão sempre sugestões.
Sabendo superar só sangramentos,
Solenes, se surgirem secreções,
Sanariam somente seguimentos
Serenos, sustentando sedações.
Sofredores sozinhos são sangrias
Sussurrando sonoras serventias,
Sentindo-se, sim, súditos surtados...
Sumindo simplesmente suas sinas,
Sentiriam seus sonhos sem surdinas,
Serem simples soluços sufocados.
Plácido Amaral
*** SINISTRO SONETO ***
Soluço, sobre sua sepultura,
Sozinho, sufocando sentimentos...
Soturnos, semeando sedimentos,
Seguindo semelhante sinecura.
Suspiro só, sofrendo segadura;
Suporto seus severos sacramentos,
Sentindo similares sofrimentos
Seguirei, subjugado, sem soltura.
Sintomas suportei, serenamente,
Silente, sucumbi, secretamente,
Sabendo ser sinistro, solidário...
Sepulcros são simbólicos sobrados
Sisudos sotaventos soçobrados...
Soneto sacro, sábio signatário.
José Rodrigues Filho
*** VAGOS VESTÍGIOS ***
Vai, Vila Velha, vulto ventania,
ver vasto vale vivo verdejar
voltando vagamente, vil, vulgar
virar vestígios vagos, viraria,
vagando velozmente, vã, vazia,
veria vivamente versejar,
vetusta vastidão vindo versar
virando vulnerável vilania.
.
Vi várias vezes, vaga, vorazmente
velar valente vindo veemente
verter versejos vagos voltaria.
Vingando verteria verdejante
voar visando vir voraz, vibrante
vencendo valas vãs, voltar viria.
Adilson Costa