SONETO EMPÍRICO

Morrer é só não ser visto.

Fernando Pessoa

Morres -- logo testas essa tese

Cruzando, temerário, as fronteiras

Do mundo -- partir, queiras, não o queiras,

Ao que a ignore, ao crente que ainda reze

É suprema lei -- que mais não pese

Ao cínico... As respostas ligeiras

Bastarão pra sempre? É que já cheiras

A terra, negando ou pura ascese.

Veremos, tão logo o sol se ponha

Sobre o que se quis baço paraíso

E tão nosso em nossa dor medonha.

Sem mais luz ao passo, se preciso

Desdenhes da angústia e da vergonha,

Leves não lamúria mas sorriso.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 02/08/2020
Código do texto: T7024062
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