Soneto pra careca
Eu lembro a primavera, o aroma, as flores,
O encanto ao se desabrochar no vento...
À solta, passarinhas aos fervores,
Um ninho em cada galho: que momento!
A copa verde, os ramos protetores,
A sombra ao fogo do verão nascendo.
Mas falo aqui do Outono e suas dores,
Soltando velhas folhas e as varrendo...
Enquanto tal, resistem uns prazeres,
Percebe-se cumpridas muitas metas
E aprende-se que o longe vem mais perto...
E aí que dói! Sorriem-se os revezes:
Saudade, diz o ser, tão nu, careca,
E medo que se chegue, pois, o inverno...