Soneto pra careca

Eu lembro a primavera, o aroma, as flores,

O encanto ao se desabrochar no vento...

À solta, passarinhas aos fervores,

Um ninho em cada galho: que momento!

A copa verde, os ramos protetores,

A sombra ao fogo do verão nascendo.

Mas falo aqui do Outono e suas dores,

Soltando velhas folhas e as varrendo...

Enquanto tal, resistem uns prazeres,

Percebe-se cumpridas muitas metas

E aprende-se que o longe vem mais perto...

E aí que dói! Sorriem-se os revezes:

Saudade, diz o ser, tão nu, careca,

E medo que se chegue, pois, o inverno...

Pinguinho Neto
Enviado por Pinguinho Neto em 01/08/2020
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