Soneto das mãos limpas
Senhor, meu Pai, que eu hoje lave as mãos,
E amanhã, e pelos dias o faça,
E que em mim agora não se desfaça
O hábito que me limpa e me faz são!
E que eu o relembre aos nossos irmãos,
Absortos no labor que às vezes traça
Nosso destino, com o perder da graça,
Que é viver cada dia, na emoção!
E que as mãos limpas bem limpas, Senhor,
Qual minha consciência as quero, também!
Pois de nada vale, ó Pai, Salvador,
Qual Pilatos, do Filho julgador,
Limpar-se em público e dizer amém
Ao que é injusto, cruel e opressor.